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Imagine viajar no tempo para assistir a qualquer grande show da história? Os Beatles no Shea Stadium ou no telhado da Apple Records, o Nirvana em um bar minúsculo de Seattle ou Miles Davis no lendário clube Birdland. Quem nunca pensou em poder voltar antes de 1980 e conhecer John Lennon ou sentar em uma das poucas cadeiras do café Sin-é, em Nova York, e assistir a Jeff Buckley antes da fama. Essa chance única de deslocamento temporal é o que move 30 e poucos anos e uma máquina do tempo, romance da escritora americana Mo Daviau, que elabora uma espécie de cruzamento entre Doctor Who e Alta fidelidade. O resultado é uma declaração de amor nostálgico à inocência da juventude e à esperança do que nos aguarda no futuro.
Tudo começa quando Karl Bender, ex-guitarrista de sucesso indie e agora dono de bar coroa e rabugento, descobre uma fenda no tempo em seu armário, um buraco de minhoca pessoal. A partir disso, Karl e seu melhor amigo Wayne passam a viajar para shows incríveis e a compartilhar a experiência com conhecidos em troca de dinheiro. Tudo vai bem até o momento em que Wayne decide o óbvio: interferir no passado. Por engano, ele acaba voltando mais de mil anos e Karl vai precisar de ajuda técnica pra resgatá-lo, já que a eletricidade é peça chave para que as viagens aconteçam.
O problema acaba trazendo a personagem mais interessante da trama: Lena Geduldig, astrofísica que compartilha com Karl a adoração por Elliott Smith e aceita o desafio de tentar trazer Wayne de volta ao presente. Lena e Karl engatam um romance que torna tudo ainda mais complexo e divertido, principalmente pelas mensagens que começam a chegar do futuro. A obra utiliza muito bem metáforas relativas à interferência em acontecimentos passados para levantar questões sobre o eterno descontentamento humano com o presente e a melancolia que os personagens demonstram a respeito do rumo que tomaram na vida.