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Clarice Lispector

Ao mesmo tempo em que ousava desvelar as profundezas de sua alma em seus escritos, Clarice Lispector costumava evitar declarações excessivamente íntimas nas entrevistas que concedia, tendo afirmado mais de uma vez que jamais escreveria uma autobiografia. Contudo, nas crônicas que publicou no Jornal do Brasil entre 1967 e 1973, deixou escapar de tempos em tempos confissões que, devidamente pinçadas, permitem compor um autorretrato bastante acurado, ainda que parcial.

Isto porque Clarice por inteiro só os verdadeiramente íntimos conheceram e, ainda assim, com detalhes ciosamente protegidos por zonas de sombra. A verdade é que a escritora, que reconhecia com espanto ser um mistério para si mesma, continuará sendo um mistério para seus admiradores, ainda que os textos confessionais aqui coligidos possibilitem reveladores vislumbres de sua densa personalidade.

Clarice recusou todos os rótulos e o enquadramento em escolas ou sistemas literários. Buscou sempre a universalidade, a prospecção do próprio interior produzindo uma literatura de excelência incontestável e estilo inimitável, estabelecendo-se como uma das maiores escritoras da língua portuguesa de todos os tempos.

Sua densa e variada obra inclui romances, livros de contos, crônicas, além de livros infantis.

A Rocco orgulhosamente publica toda a sua obra, inclusive várias de suas consagradas traduções.

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3 Curiosidades sobre Clarice Lispector

Conheça um pouco mais sobre a vida de Clarice Lispector.

Clarice Lispector nasceu numa pequena aldeia da Ucrânia e veio, ainda criança, para o Brasil. Seus pais se fixaram em Recife, onde iniciou os estudos. Depois, no Rio, enquanto fazia jornalismo, estudou direito, casou-se com um diplomata, e publicou o seu primeiro romance "Perto do coração selvagem". Viera mais tarde "O lustre" e o livro de contos "Laços de família", coleção de pequenas obras primas. Seu terceiro romance "A maçã no escuro", levou quatro anos em poder de editores, sem ser publicado. Lançou-o, por fim, a Livraria Francisco Alves, ao mesmo tempo com o livro de contos. Considerada uma grande pensadora, embora de leitura difícil, Clarice Lispector foi, sem dúvida, a mulher do ano no campo literário. Nenhuma publicou tanto, nem tão bom, em tão pouco tempo, como Clarice.

Muitos acham que a obra de Clarice Lispector é pessimista, como se o encontro do homem consigo mesmo trouxesse a melancolia. Ela não gostava da ideia, preferindo acreditar que o impacto emocional do que escrevia corresse por conta da reinvenção do leitor. Seus livros seriam assim espécies de trilhas, de onde cada um partiria para suas próprias descobertas.

Extremamente arguta, inteligente, mas hipersensível. Ela captava as mínimas manifestações, os gestos. Olha, Clarice, você criou o código dos gestos. Ela tinha muitas afinidades com Kafka. O lado subterrâneo da vida, o lado não explícito. Clarice não era uma mulher da gargalhada, era no máximo de um sorriso. Berros não era com Clarice. O bom humor dela não lidava com a linguagem da extroversão. Ela não atropelava ninguém com o humor dela. Ela era aquele bom humor contido. Ela era uma pessoa contida, mas contida no bom sentido, no sentido de não jogar fora a palavra. Saber até onde pode ir. Ela era muito atenta, muito cortês no convívio. Muito generosa, de maneira que é pouco provável que ela deixasse alguém falando só. Não contasse com a cumplicidade dela para a extroversão. (Eduardo Portella sobre sua grande amiga Clarice Lispector)