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Na narrativa criada por Natália Nami, Lígia se apaixonou por um homem que não correspondia aos anseios da sua família, um militar de origem árabe pouco afeito à vida sofisticada e arrogante dos salões cheios de vaidade. Enfrentou a todos, mas foi vencida pela não retribuição do amor: no altar, ele simplesmente não foi ao seu encontro. Era o Noivo, cujo nome não mais lembrou ao longo dos anos.
Já Amir é um próspero homem de negócios para quem as mulheres eram apenas passatempo. Amir nunca sentiu afeto verdadeiro por elas e, portanto, nenhum tormento por tê-las usado e abandonado, incluindo aí sua única filha, rejeitada desde o nascimento. Um dia, porém, em um restaurante, acompanhado da mulher mais nova, grávida de mais um filho seu, ele tem o vislumbre de um passado que preferira esquecer: uma mulher de meia-idade aguardava alguém enquanto bebia uma taça de vinho. A mulher que ele abandonara quando jovem? Surpreso pelo sentimento de culpa – o que talvez lhe indicasse que, por ela, tenha realmente sentido algo – Amir sabe o que fazer, mas não sabe como: pedir-lhe perdão pelo mal que lhe causara.
"O evidente domínio da arte literária avulta já no primeiro capítulo", afirma Godofredo de Oliveira Neto. De fato, o segundo romance de Natália Nami pela Rocco reafirma o talento da escritora e tradutora fluminense, autora de O contorno do sol e de contos premiados. Alinhavando as memórias da protagonista Lígia - uma mulher marcada pela falta de afeto que deposita o amor que lhe resta na única filha, Teresa, a autora explora os meandros da memória e prende o leitor numa envolvente trama de mistério, amores mal resolvidos e ressentimentos.