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Ao longo dos séculos, os poetas conquistaram o posto de porta-vozes do sentimento amoroso. Ora contidos, ora exaltados, seus versos desvelaram, endeusaram e amaldiçoaram musas representadas nas mais variadas formas, de acordo com a estética e o universo simbólico de cada época. Por isso, a história da poesia é também a história do desejo, com seus fetiches, interdições e idealizações. Afinal, escrever é desejar. Esta é uma história contada por homens, que vêem na mulher a figura enigmática e ameaçadora do outro a quem se deseja amar, compreender e devorar.
Para Affonso Romano de Sant’Anna, os poemas podem ser encarados como espelhos que refletem homens de diversas épocas, revelando ainda os imaginários eróticos que os alimentaram. Musas distantes e intocáveis, mestiças brejeiras e provocativas, mulheres-estátua, ninfas, noivas-mortas, vampiras, esfinges, sereias, santas e prostitutas aparecem aqui como manifestações simbólicas do desejo masculino.
Suculento fruto de dez anos de pesquisa, O canibalismo amoroso se nutre da teoria psicanalítica - aqui muito bem temperada por saberes e sabores da Antropologia, da Sociologia, da História e da Literatura – para narrar a história do desejo masculino e da representação do feminino à brasileira.