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Diante da morte, para espanto dos seus jovens discípulos, o piedoso rabino Sussya dizia temer o Tribunal Celeste. O motivo não era o fato de não ter deixado um legado tão significativo como o profeta Moisés. Diante desta acusação poderia responder simplesmente: “Não fui Moisés porque não sou Moisés.” Sussya tampouco temia que lhe cobrassem que tivesse sido como Maimônides. Ele não tinha oferecido ao mundo uma obra tão rica e um pensamento tão inovador, mas podia defender-se facilmente argumentando: “Não fui Maimônides porque não sou Maimômides.” O que realmente o apavorava é que viessem lhe indagar: “Sussya, por que não fostes Sussya?”
Através de parábolas como esta, Nilton Bonder compartilha sua sabedoria religiosa e filosófica com os leitores. Neste livro escrito nos moldes de um código penal, dividido em categorias e analisado à luz da erudição do rabino, réu e acusador tornam-se um só indivíduo, uma vez que a Justiça Divina trabalha em nossa própria consciência. Os Céus não julgam o bem e o mal. Somos nós que, juízes de nós mesmos, nos damos uma sentença.