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De Bartleby, o escriturário, clássico de Herman Melville, à série The office, os escritórios são alvo de rancor e escárnio desde que, no século XIX, começaram a se inscrever em nossa geografia urbana. Até hoje, no entanto, ninguém tinha parado para narrar as origens desse lugar onde, a contragosto, muitos acabam por passar boa parte da existência. É o que Nikil Saval faz em Cubiculados, com um resultado que, em contraposição ao tema, não tem nada de burocrático. Mesclando o pop ao acadêmico, ele remete a Rousseau (que disse que “o homem nasce livre, mas passa a vida em cubículos”) e chega a Mad men, Dilbert e Como enlouquecer seu chefe para traçar uma crônica saborosa sobre a evolução desses ambientes de trabalho, discutindo, com astúcia e humor, o que isso tem a dizer sobre nós.
Cubiculados é um livro que, apresentando uma pesquisa inédita e aprofundada, fala por intermédio de funcionários anônimos e suas máquinas de escrever, armários de arquivos, escrivaninhas e cadeiras, mas é também uma obra sobre indivíduos que procuraram modelar o escritório – física e socialmente – com o objetivo de melhorar a vida e, claro, a produtividade dos trabalhadores. Mas o maior mérito de Nikil Saval é lançar mão de um símbolo universal do tédio para produzir uma obra brilhante e coesa que, a despeito do tema, é leitura indicada até mesmo para as horas vagas e os dias de folga.