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Visitar uma floresta pré-histórica, aprender uma atividade manual ou provar ostras. Jorge tem mais de trinta anos e nunca se aventurou por nenhum desses caminhos. Entediado, cansado, oblíquo, o protagonista dessa história não viveu: agarrou-se com todas as certezas a uma existência sem grandes ambições. Até conhecer Marcel e Rachelyne, o casal de franceses octogenários que, ao contrário dele, vive cada dia com intensidade e estardalhaço. A partir da inusitada amizade e afeto que constrói com os Durcan, Jorge desperta aos poucos de sua letargia, se apaixona, se emociona, arrisca-se, ousa. Quem sabe poderá, até o final desconcertante dessa história, chegar a gostar de ostras?
O prédio novo na rua Bela Cintra seria mais um amontoado de caixas de sapato não fosse por um detalhe: a trepadeira no muro da entrada. Desorganizada, irritante e amalucada, ela cresce com braços desafiadores sem direção certa. Apesar de rebelde e extremamente inquieta, a planta produz uma flor roxa, que brota em cachos, de um roxo profundo e nítido que parece justificar com o máximo de beleza toda a sua teimosia.
E é também de maneira teimosa e insistente que Marcel e Rachelyne Durcan, dois franceses espalhafatosos, entram no cotidiano monótono do solitário Jorge. E dessa amizade improvável, permeada por diferenças, nasce também um afeto maior que o esperado, capaz de mudar para sempre a vida desses vizinhos. Por trás da felicidade ensaiada do casal Durcan se esconde a triste e aventurosa história de um passado difícil, tão difícil que os fez sair da França.
A partir de encontros regados a vinho, jantares e muita conversa, Jorge vai descobrindo que a vida pode ser mais desafiante e colorida; e os Durcan, que finalmente encontraram alguém em quem confiar. Com pena firme e ao mesmo tempo delicada, Bernardo Ajzenberg desenha essa singular história que ensina a um casal de idosos os limites de um amor maduro e a um jovem de trinta anos o que é resiliência.