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Frei Betto, autor tão prolífico quanto profundo e instigante, faz uma série de reflexões sobre o ato de escrever, que, para ele, mais do que simples ofício, é uma verdadeira missão. Isto porque ele empunha a pena com a quixotesca coragem daqueles que ousam enfrentar os mais poderosos adversários, na busca do bem comum, da justiça social e da felicidade coletiva.
Com a generosidade que lhe é característica, Frei Betto não se limita a discorrer sobre seus próprios hábitos e segredos de escritor — por sinal, bastante interessantes. Focaliza também a obra e a técnica de autores fundadores, como Shakespeare e Cervantes, e singulares como Tomasi di Lampedusa, Saint-Exupéry e T.S. Eliot. Merece destaque o carinho com que aborda a obra de dois grandes escritores — mineiros, como ele — Bartolomeu Campos de Queirós e Adélia Prado. Esta última, capaz de arrebatamentos místicos comparáveis aos de Santa Teresa de Ávila ou Soror Juana Inés de la Cruz.
Ofício de escrever encanta como convite à leitura e à escrita. Propostas que devemos aceitar sem relutância.