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Em Sangue nas veias, o escritor visita inferninhos, entrevista imigrantes, strippers russas e fisioculturistas, para retratar uma Miami repleta de imigrantes e conflitos culturais, única cidade do mundo onde povos com línguas e culturas diferentes tomaram controle das urnas.
No livro, Nestor Camacho é um cubano de segunda geração, filho de pais refugiados da ilha de Castro em Miami, cidade que transpira cores e calores nos humores instáveis de uma população em permanente tensão cultural e étnica. O policial, que vive esses conflitos no dia a dia, sentindo-se deslocado entre culturas – o espanhol que aprendeu é mínimo e ele sofre diariamente com uma raiva encubada de seus parceiros americanos com sua tez branca, cabelos loiros e olhos azuis – vive uma rotina maçante até que algo muda sua vida: ele salva um homem em alto-mar.
Outro personagem, em contraponto a Nestor, é John Smith, repórter do The Miami Herald que deu notoriedade ao policial ao descrever o salvamento. Smith envolve Nestor numa investigação de fraude no mundo das artes, quando se descobre que as pinturas doadas pelo milionário russo Sergei Korolyov ao museu da cidade que leva seu nome são forjadas. Mas forjado não é o relacionamento do russo com a namorada de Nestor, a enigmática Magdalena, que tem fome de fama e de aproveitar o american way of life ao máximo. Dividida entre vários amores, ela também se relaciona com seu chefe, o doutor Norman Lewis, um psiquiatra que trata de viciados em sexo numa ensolarada e sexualizada Miami.
Dilemas morais, limites éticos e conflitos étnicos dão o tom à narrativa, talhada com precisão e humor ácido por um dos maiores escritores norte-americanos.