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James Sveck aproveita os últimos dias de férias antes de ingressar na universidade. Aproveitar talvez não seja a palavra apropriada para o protagonista de Um dia essa dor será útil, do norte-americano Peter Cameron. Especialmente porque ele está muito incomodado com os planos traçados pelos pais, bem diferentes dos dele. James nem pensa em ir para a Universidade Brown, tampouco quer fazer qualquer outra coisa que não seja encontrar um canto sossegado, de preferência em algum estado do centro-oeste norte-americano, onde possa ser deixado em paz com seus livros. Diferente de outros adolescentes e, especialmente, da irmã mais velha, Gillian, James sente arrepios só de se imaginar na universidade cercado de pessoas de sua idade, pós-adolescentes falantes e empolgados com tudo. Pós-adolescente ele também é, mas de um tipo muito especial, que prefere passar as noites em casa na frente do computador ou lendo e que só suporta a presença de duas pessoas – o que elimina a irmã e a mãe, recém-separada pela terceira vez –, a do jovem que trabalha na galeria de artes da mãe, em plena Manhattan, onde ele também tem passado as tardes fingindo que faz alguma coisa; e a avó, doce figura e espécie de porto seguro para o neto desajustado. É a ela que James recorre quando a vida torna-se chata além do aceitável. Há ainda outra alternativa, encontrada recentemente pelos pais, uma psicanalista de nome estrangeiro esquisito e comportamento muito previsível, pelo menos na análise de James. Nas entediantes sessões, James esforça-se para não entrar no jogo da médica, mas acaba revelando os incidentes em que se envolveu nos últimos meses e foram motivo para os pais procurarem ajuda profissional para ele. Nessas conversas, James também deixa transparecer o incômodo que sente com a separação dos pais ou com acontecimentos como o 11 de setembro. Um dia essa dor será útil ganha o leitor pela narrativa em primeira pessoa, pelas revelações do protagonista feitas no momento certo e pelo tom bem-humorado com que o personagem narra seu dia a dia apesar de todo o pessimismo que carrega em si. Os leitores acompanham James ao longo de uma semana, durante a qual todas as decisões que nortearão seu futuro terão de ser tomadas. O resultado é um relato delicado e irônico das ambivalências da adolescência, e suas limitações para encarar o mundo à sua volta.