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Nos porta-retratos do arquiteto Silvio Goldman não há espaço para poses e sorrisos humanos. Apenas fotografias de animais e paisagens adornam o seu escritório. Um a um, os rostos conhecidos foram desalojados desse grande painel afetivo, que com o tempo se tornou neutro. Entre as lembranças banidas de seu ambiente de trabalho e estudo, destaca-se Dorieta, a maior e mais dolorosa.
Sedutora e impulsiva, a bela tradutora Dorieta provocou nele um misto de atração e espanto desde a primeira vez em que a viu. Claro, aquele não tinha sido um encontro normal: os dois perdidos no corredor de uma maternidade. Dali sairia um casamento intenso, sofrido e conflituoso. Nasceria ainda uma filha, apesar de Silvio ter sido diagnosticado estéril.
Mesmo que consiga omitir as fotografias de Dorieta e da filha, porém, Silvio não pode esquecer as Variações Goldberg, obra prima de Bach reverenciada pela ex-mulher, e uma parte daquele relacionamento que ressoaria em sua vida para sempre. Ambientado em uma enigmática São Paulo dos anos 80 e 90, o quarto romance de Bernardo Ajzenberg retrata as emoções humanas em preciosas variações sobre temas como amor, amizade, traição e morte.