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O guatemalteco Eduardo Halfon é uma das vozes mais sólidas da atual narrativa latino-americana, autor de uma dezena de obras de prestígio internacional, e cujo trabalho tem sido constantemente comparado ao do chileno Roberto Bolaño. A alternância entre vida e literatura é uma das marcas da escritura de Eduardo Halfon. “Seus contos” – como assinala Antônio Xerxenesky no posfácio à edição da Rocco – “não fingem que são os primeiros contos escritos na história da humanidade. Pelo contrário, estão cientes de que estão inseridos numa tradição, de que uma história dialoga com outra história.” No entanto, para não correr o risco de afastar o leitor sendo excessivamente cerebral, vale-se, também, da maneira como o homem se relaciona com o mundo em seus instintos mais básicos, ternos ou terríveis.
“O boxeador polaco”, relato que dá título à coletânea, apresenta a história de um sobrevivente dos campos de extermínio de Auschwitz. Um homem idoso que, brincando com o neto (que é o narrador do conto), lhe diz que os cinco dígitos verdes gravados no antebraço esquerdo eram o número de seu telefone. Na verdade, o avô revela, ele foi salvo devido à astúcia de um pugilista, também prisioneiro, mas que se mantinha vivo porque os soldados alemães gostavam de vê-lo boxear. Mas fica a dúvida: esta seria mesmo uma história verdadeira? Para Eduardo Halfon, pouco importa, pois “a literatura não é mais que um bom truque, como o de um mago ou de um bruxo, que faz a realidade parecer inteira, que cria a ilusão de que a realidade é única”.
Finalmente publicado no Brasil, pela prestigiada coleção de literatura hispano-americana Otra Língua, organizada por Joca Terron, Halfon reúne, em O boxeador polaco, seis histórias que dialogam com a tradição literária e com a prática da ficção, mas que, ao mesmo tempo, mantém os pés fincados na realidade contemporânea e na história familiar e íntima do próprio escritor.